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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

já viu: 'O hobbit' sofre com ritmo lento, mas desfecho empolga


Com 169 minutos, filme de Peter Jackson estreia nesta sexta-feira (14).
Longa é o primeiro de nova trilogia baseada na obra de J.R.R. Tolkien.

Os personagens de “O hobbit: Uma jornada inesperada” de fato vivem uma expedição excepcional. Já o espectador do filme, se quiser passar por experiência similar, terá de mostrar paciência além da habitual: a superprodução, que entra em cartaz nesta sexta-feira (14), demora a engrenar. A jornada é inesperada – e é longa, por vezes cansativa. No último ato, vem a recompensa. Há um respeitável par de sequências de ação, amparadas por bons efeitos especiais. Mas a técnica não se sobrepõe à narrativa. Não espere por um 3D revolucionário. O uso é digno, mas discreto.
O ator Martin Freeman na pele Bilbo Bolseiro, em 'O hobbit: uma jornada inesperada', de Peter Jackson (Foto: Divulgação)O ator Martin Freeman na pele Bilbo Bolseiro, em 'O hobbit: uma jornada inesperada', de Peter Jackson (Foto: Divulgação)







A narrativa é do mesmo J.R.R. Tolkien que escreveu os livros da série “O senhor dos anéis”, já adaptados ao cinema. Repete-se também o diretor, Peter Jackson. Cronologicamente, “O hobbit: Uma jornada inesperada” precede a trilogia do anel e tem uma trama que, no texto, mirava o público infanto-juvenil. A versão para o cinema amplia o foco, e o principal (e melhor) sintoma disso é um sarcasmo que poderia ser mais recorrente. Discursos constrangedores e solenes – “os verdadeiros heróis são aqueles que fazem boas ações no dia a dia” – cedem algum espaço a uma saudável ironia – “entendo que você duvidasse de minhas capacidades, já que eu próprio não confio tanto em mim”.

Mas o bom proveito que se faz de Bilbo, e Freeman é bom no papel, não está nos demais participantes da “jornada”. As exceções são o líder dos 13 anões e Gandalf. Peter Jackson poderia ter buscado referência em “A caverna do dragão”. “O hobbit” erra precisamente onde o desenho acertava, ao traçar diferenciações funcionais entre os personagens. Isso ajudaria o filme, se levado em conta o tempo demorado que a audiência tem com a trupe
.Ao longo de 2 horas e 49 minutos, “O hobbit: Uma jornada inesperada” mostra um grupo de anões que deseja reconquistar seu reino, tomado por um dragão. Nada a estranhar: são assim, mitológicas e medievais, as inspirações de Tolkien. Quem junta o grupo  é o mago Gandalf (Ian McKellen). Ele decide convocar à viagem o hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman). O protagonista é pequeno, fraco e pacato. Tem nenhuma disposição para o combate físico e a falta de aptidão consegue fazer rir.
Os vilões, por outro lado, estão bem definidos. Peter Jackson e companhia apelam à quase escatologia para conceber criaturas de aspecto e comportamento repugnantes. Existe um mago que tem secreções de pássaro no cabelo. Esse tipo de personagem vai entrando em cena no decorrer de uma “jornada” que oferece cenários de visual arrebatador.
A edição peca pelo excesso: em princípio, a sucessão de florestas, montanhas e cachoeiras seduzem o olhar. Passada uma hora e meia, a variação infindável de paisagens já não basta. Periga o espectador sentir falta de ritmo. Ou sono. É um risco assumido, dado que se optou por transformar “O hobbit” – um livro – em três filmes. “O hobbit: Uma jornada inesperada” é o capítulo inaugural.
Peter Jackson, diretor de 'O hobbit', em chegada ao evento de lançamento do filme na Nova Zelândia nesta quarta (28) (Foto: Marty Melville/AFP)Peter Jackson, diretor de 'O hobbit', em chegada ao evento de lançamento do filme na Nova Zelândia no final de novembro (Foto: Marty Melville/AFP)
Quem se mantiver atento recebe em troca um desfecho empolgante. Em seu terço final, o longa ganha força e proporciona boas passagens, o que vale especialmente para a breve aparição do absurdo Gollum (Andy Serkis), monstrinho cultuado já desde “O senhor dos anéis”. Sob qualquer ângulo, é a melhor coisa de todo o filme. Serve para demonstrar as habilidades da equipe técnica e para despertar a atenção, graças à sua figura horrorosa mas carismática e ao enfrentamento com Bilbo.
É possivelmente desse momento que a audiência se lembrará ao deixar a sessão. Ali está um conjunto de cenas que dependem tanto dos efeitos quanto do desempenho dos intérpretes. E ali Peter Jackson iguala os fanáticos por Tolkien e o espectador "comum". Faria bem se essa equação aparecesse mais vezes na franquia.
O ator Andy Serkis e o personagem Gollum, da trilogia 'Senhor dos anéis' e do longa 'O hobbit' (Foto: Divulgação)O ator Andy Serkis e o personagem Gollum, da trilogia 'Senhor dos anéis' e do longa 'O hobbit' (Foto: Divulgação
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